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21 de jun. de 2015

Engenheiro recolhe relatos de objetos não identificados.

Ao lado da coleção de naves de “Guerra nas Estrelas”, o engenheiro eletrônico e pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Ricardo Varela, 57, ouve jazz e revela um sonho: ser abduzido por um óvni.
“Quem não quer dar uma volta em uma nave? Só não quero nada enfiado no meu corpo, como o instrumento que entra no nariz e perfura o cérebro. Quem já foi abduzido diz que isso dói demais.”
Varela é um caçador de óvnis profissional. Sua vasta formação e experiência em astrofísica fazem dele um dos mais respeitados ufólogos do país, membro da comissão nacional e colaborador de publicações sobre o tema.
Há mais de três décadas, Varela realiza um trabalho paralelo no Inpe, em São José dos Campos, onde é responsável pela segurança de informação do instituto. É ele quem recebe relatos, fotos e vídeos de pessoas comuns que avistaram –ou acreditam ter avistado– objetos voadores não identificados.
“Por ter o nome ‘espacial’, e ainda mais ‘nacional’, o Inpe é procurado por pessoas que querem fazer relatos. Nos anos 80, trabalhei muito para que esses casos fossem transferidos para mim”, diz Varela.
Em média, ele recebe cinco relatos por mês. Quando aparece um caso qualquer na TV, chovem telefonemas –o que ele chama de “contaminação sociológica”. Analisa os vídeos e os repassa a uma comissão de 15 ufólogos. Eventualmente, vai a campo checar casos intrigantes.
“Logo de cara, aviso que quem analisará sou eu, e não o Inpe. Muitas pessoas ligam pedindo um ‘carimbo’ de que é um disco voador. É um grande problema, pois parte dos relatos tem objetivo comercial. E as pessoas ficam bastante irritadas quando eu digo que não é um óvni.”
Cem por cento das fotos que já recebeu, diz, têm explicação terrestre: erros de interpretação ou aberrações ópticas. O que o intriga são alguns vídeos.
“É comum ver cenas de pequenos objetos luminosos, bolinhas de luz, fazendo evoluções. Não tem como um objeto feito pelo homem fazer uma curva de 90 graus!”
Os vídeos que passam pela peneira do ufólogo, ou seja, que não são drones (o novo vilão dos pesquisadores), satélites artificiais, nuvens condensadas, helicópteros, nem Vênus entram na chamada “área cinzenta”, isto é, de casos inconclusivos.
“É de outro mundo? Não posso falar isso. Posso provar que somos visitados por seres extraterrestres? Impossível. Mas eu acredito. A resposta que dou ao cidadão é essa: é um óvni, só isso”, afirma.
Em 30 anos, ele diz que as evidências já coletadas são insuficientes para afirmar que somos visitados, o que não diminui sua crença. “Não tenho provas, mas alguns vídeos e relatos impressionam. Pode ser alucinação? Sim. Mas e quando você tem uma dúzia de relatos iguais?”
Em 1995, em Aparecida (SP), ele colheu depoimentos sobre uma bola de luz numa serra –e chegou a ver marcas de fogo na mata e um objeto escuro que apagava as estrelas (leia texto nesta página).
“Há muitos relatos de pilotos, policiais, pessoas que não são contaminadas. Um coronel da FAB [Força Aérea Brasileira], piloto, subiu com seu avião e se deparou com um disco voador. São esses relatos de pessoas que não vão ganhar nada com isso que reforçam que tem alguma coisa esquisita”, diz.
Para Varela, o que não tem explicação é o temor e a indisposição das autoridades para tratar do assunto. “Relatos de pessoas prejudicadas são raros. É uma oportunidade de estudos como outra qualquer. No Brasil, a ufologia é muito associada ao lado místico”, afirma.





LIDERANÇA


As chances de flagrar um óvni no Brasil aumentam consideravelmente se o observador olhar o céu do Pará, entre 18h e 23h59, a olho nu.
É o que mostram estatísticas inéditas divulgadas pelo Comdabra (Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro) em agosto de 2014 e em fevereiro deste ano.
Os dados vão de 1954 a 2005 e somam 710 avistamentos, com detalhes sobre locais e horários com mais ocorrências, formatos mais citados e métodos de observação. Em 13 casos, há relatos de contato com seres extraterrestres.
As estatísticas integram uma pilha de documentos das Forças Armadas desclassificados, ou seja, tornados públicos, após pressão de ufólogos e pedidos via Lei de Acesso à Informação.
Para o ufólogo Ricardo Varela, há muito a ser revelado. “Ao menos sabemos que havia procedimentos de pesquisa científica quando militares se deparavam com óvnis.”
Mais do que isso, o Brasil já teve um grupo oficial para apurar os casos, o Sioani (Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados), com oficiais da FAB, que funcionou de 1969 a 1972.
Em seu currículo pessoal, Varela aponta o caso de Aparecida, em 1995, como o mais impressionante. Moradores de uma serra relatavam a presença de um “fantasma” –uma bola de luz que surgia e abduziu algumas pessoas.
“Temos relatos de moradores que viram a luz, queimaram as córneas e o rosto. Um frentista, assustado, fugiu de lá”, diz. De campana, ele avistou árvores queimadas apenas na copa e um objeto que obscurecia as estrelas. “Até hoje, às 18h, as pessoas trancam as portas e janelas.”
Em nota, a Aeronáutica afirma que todos os relatos referentes a óvnis até dezembro de 2014 foram enviados ao Arquivo Nacional e que não dispõe de estatísticas referentes ao período posterior a 2005.





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