2 de nov. de 2015

Ufólogos conseguem a liberação gratuita de gravações históricas que comprovam o avistamento e a detecção radar de dezenas de OVNIs entre Rio de Janeiro e São Paulo em maio de 1986

Foi com a frase que dá título a este texto que o operador de radar da torre de controle do aeroporto de São José dos Campos, segundo sargento Sergio Mota da Silva, atendeu a uma ligação do controle aéreo de Brasília, por volta das 20 horas. Era uma segunda-feira, 19 de maio de 1986. O dia que entraria para a história da Ufologia mundial como “Noite Oficial dos OVNIs no Brasil”.
Finalmente, minúcias dessa noite inusitada foram reveladas, e de forma bombástica. Graças ao empenho do pesquisador Edison Boaventura Júnior, do Grupo Ufológico do Guarujá, com a ajuda de Josef Prado, da Brazilian UFO Network (Burn – www.portalburn.com.br), foram liberados gratuitamente os áudios das conversas de todo o aparato de defesa aeroespacial brasileiro durante aquele evento. “A liberação, inicialmente, destas fitas de áudio é um marco na Ufologia Brasileira, pois trazem depoimentos e o minuto a minuto do que realmente ocorreu naquela noite”, comemora Edison Boaventura.
Num primeiro momento, os ufólogos não perceberam o que exatamente tinham em mãos. Mas a partir do final da primeira fita, o prefixo do avião envolvido deixou claro que era algo fantástico. As primeiras 8 fitas traziam todas as conversas entre a torre de controle de São José, os controles aéreos de São Paulo e Brasília, o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego (Cindacta) e vários comandantes de aeronaves. Entre estes últimos, constam os diálogos da torre com o avião Xingu prefixo PT-MBZ, que se dirigia a São José carregando o então ex-presidente da Embraer e recém empossado presidente da Petrobras, Coronel Ozires Silva, além dos diálogos dos pilotos de caças que alçaram vôo na tentativa fazerem a interceptação do tráfego aéreo desconhecido.
Barganha com o Arquivo Nacional

A Lei de Acesso à Informação, editada em 2011, já estabelecia que o material fosse disponibilizado ao público. Mas em se tratando de conteúdo multimídia, o acesso está longe de ser fácil: é preciso saber o que procurar, especificamente, ir a Brasília fazer a busca pessoalmente e pagar — caro — para conseguir cópias: o custo é de R$ 30,00 por minuto. Com pouco menos de 13 horas de gravação no total, incluindo as conversas entre controladores e pilotos em várias ocasiões, os documentos custariam cerca de R$ 23 mil para cada interessado.
Mas o pesquisador tinha um trunfo. Edison Boaventura estava negociando a liberação do material com a Ouvidoria do Arquivo Nacional no Rio de Janeiro desde abril. Antes mesmo da revisão da Lei de Acesso à Informação, ele tinha em seu poder milhares de páginas de documentos secretos originais sobre UFOs vazados da Força Aérea Brasileira ao longo dos anos. E já tinha barganhado esses documentos com a Ouvidoria do Arquivo Nacional. Quem conta é Josef Prado, que está cuidando do processo de conversão das gravações para disponibilizar integralmente no canal do Portal Burn no Youtube. “Em 2009 o Edison fez um acordo com a Arquivo Nacional: ele dava todos [os documentos originais] pra eles, em troca eles mandariam [ao pesquisador] tudo que receberam e viessem a receber sobre OVNIs”, explica.


Sabendo da existência de muitos registros audiovisuais em poder da FAB, Boaventura resolveu acionar o acordo pela liberação pública e gratuita. O comunicado oficial da Coordenação-Regional do Arquivo Nacional do Distrito Federal (COREG) chegou por e-mail, no dia 22 de outubro de 2015. “Informamos que todos os arquivos digitais dos documentos sonoros do fundo OVNIS estão disponíveis ao público para consulta no Sistema de Informações do Arquivo Nacional – SIAN. Assim sendo, o compromisso assumido pelo Arquivo Nacional com o senhor e demais interessados no tema está concluído. No que tange aos documentos audiovisuais, daremos uma nova analisada e voltaremos a entrar em contato”, informava uma das ouvidoras.


A partir daí Edison e Josef se empenharam em localizar e baixar cada áudio disponibilizado, num trabalho ainda árduo de consulta ao sistema SIAN, acessível pelo endereço http://www.an.gov.br/sian/. São 16 fitas no total, 8 das quais tratando exclusivamente do caso de 19 de maio de 1986. As demais apresentam diálogos em outras ocasiões, além de pesquisas e entrevistas com testemunhas feitas diretamente pela Força Aérea Brasileira em diferentes episódios.

Festival dos discos voadores
A audição do material mostra que a denominação “festival dos discos voadores”, dada pelo segundo sargento Sergio Mota logo no início dos fenômenos de maio de 1986, quando do primeiro contato com o controle de tráfego de Brasília, seria um eufemismo para o que viria a seguir.
No início, o primeiro alerta soou com o que ele denominou de “um farolzinho”. Entrou pelo setor Noroeste de São José, aproximando-se por Guarulhos, cerca de 3 graus acima do horizonte. Aparentemente sobre a cidade. Era vermelho alaranjado, conforme descreveu o segundo sargento cerca de uma hora mais tarde, diante da solicitação, por telefone, do Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA).
Nesta primeira conversa com o sistema de defesa em Brasília, Mota confirma que já estava acompanhando uma movimentação estranha nos céus desde pouco mais de 18h30. Um olho no binóculo, outro na tela de radar. Às vezes os objetos estavam visiveis a olho nú, e não no radar, outras apenas no radar, e outras vezes eram observáveis das duas formas.
As coisas começam a ficar verdadeiramente emocionantes quando Mota recebe a incumbência de guiar o avião o Xingu de Ozires Silva e seu comandante Alcir Pereira na aproximação a São José dos Campos, a partir do contato do controle de Brasília. Observando os fenômenos e ciente da detecção, o Xingu decide por conta própria interromper os procedimentos de pouso e arremeter em perseguição a um dos objetos. Depois do susto e autorizado por Brasília, o segundo sargento da torre de São José dá apoio a uma manobra da aeronave que vira 180 graus. A tentativa dá certo e o avião de Ozires consegue contato visual, descrevendo a luz como multicolorida, aparentemente parada sobre a cidade.





A partir daí, a conversa entre controladores se intensifica. Brasília, Rio, São Paulo e até Goiás entram na história. A torre de São José faz uma contagem e 13 objetos estão no céu. Até o fim do evento seriam 21 no total. “Por exemplo dá para notar a euforia dos controladores de tráfego aéreo e apreensão dos pilotos”, comenta Edison Boaventura. A partir das 22h23, caças são lançados para tentar a interceptação dos objetos: um modelo F5, a partir de Base Aérea de Santa Cruz (Rio de Janeiro) e pelo menos três caças Mirages, de Anápolis (Goiás).

A todo instante, as detecções eram intermitentes. O contato visual dos pilotos de caças, também. Num dos momentos mais dramáticos das gravações, o piloto de um dos caças é instruído a acelerar para a velocidade de 0,9 Match (90% da velocidade do som) e chega a 5 milhas de distância de um dos objetos. O objeto aumenta e diminui a distância para o avião em segundos. Em determinado momento, o piloto avisa que tem o objeto “em Judite”, ou seja, travado no sistema de armas. Mas observa, atônito, o plot de radar acelerar vertiginosamente e em 5 segundos distanciar-se dezenas de milhas de sua aeronave. “Comportamento muito estranho”, comenta o piloto sobre as mudanças de velocidade.

Mais importante documento da Ufologia mundial


O material é extenso e vai demandar uma análise minuciosa de todos os detalhes. O Portal Burn está convertendo os áudios e disponibilizando a toda a comunidade através do Youtube (https://goo.gl/AKuLg1), e seguramente os pesquisadores estão fazendo história com esta ação. Depois de idas e vindas no comportamento da FAB quanto ao ocorrido — o orgão ora desmentiu o contato visual com objetos, ora desmentiu a detecção por sistemas de radares simultaneamente — em 25 de setembro de 2009 foi divulgado o relatório oficial sobre o caso (prometido ainda em 1986 pelo então Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima). “Como conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é de parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, como também voar em formação, não forçosamente tripulados”, dizia o documento.


Sem muito alarde pela imprensa, esse se transformou num dos principais documentos da ufologia mundial a apoiar a hipótese de uma origem não terrestre para o fenômeno dos discos voadores. E agora tem sua importância reforçada, com a liberação dos áudios oficiais. Quem quiser acesso a todo o material pode fazer a busca no sistema SIAN (http://www.an.gov.br/sian/) ou, bem mais fácil, assinar o Canal da Burn no Youtube – https://goo.gl/AKuLg1 – e manter-se informado do upload de novos audios.

CRÉDITOS: REVISTA VIGILIA



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