CREDITOS: RICARDO MEIER — AIRWAY-TUDO SOBRE AVIAÇÃO
Não se trata de teoria da conspiração muito menos um roteiro digno do seriado Arquivo X. Mas, sim, os discos voadores existiram… ao menos como aeronaves experimentais das forças armadas dos Estados Unidos.
É verdade que o assunto desperta muita polêmica e foi escondido do público por muitos anos, mas é fato: os americanos testaram ao menos um conceito de avião com formato circular e chegaram a vislumbrar uma aeronave capaz de voar em velocidades elevadas e a grande altitude, o chamado projeto 1794.
O assunto ficou escondido por 45 anos até perder o status de ‘secreto’ em junho de 2001. Os documentos chegam a causar incredulidade: desenhos de discos, explicações técnicas de seu funcionamento e até uma ilustração de um provável modelo de produção com as insígnias da força aérea americana.
Conexão canadense
Tudo começou com um engenheiro britânico, Jack Frost, que havia trabalhado na De Havilland, criadora de alguns dos aviões mais conhecidos da Segunda Guerra Mundial. Em 1947, ele se mudou para o Canadá e passou a trabalhar na fabricante Avro Canada. Lá, Frost desenvolveu um conceito de motor a jato centrífugo que em tese poderia ser mais eficiente que os modelos convencionais.
A ideia encaixava como uma luva nas pesquisas de aviões de decolagem vertical que surgiram na década de 50 em razão da constatação que numa 3ª Guerra Mundial não existiriam pistas intactas capazes de operar jatos de combate.
Depois de trabalhar em alguns protótipos da empresa, Frost apresentou seu projeto à Força Aérea dos Estados Unidos que mostrou grande interesse. Em 1953, a Avro foi contratada para criar uma aeronave capaz de decolar na vertical que culminou com o “projeto 1794”.
Ele previa um avião de formato circular capaz de voar a 30 mil pés (10 mil metros) e atingir até Mach 3.5, ou seja, três vezes e meia a velocidade do som. O sistema de propulsão com seis motores chegou a ser testado, porém, mostrou-se extremamente perigoso, o que levou Jack Frost a planejar um projeto mais simples para testar o conceito.
O Avrocar
Em 1958, o britânico desenhou um veículo menor e que também seria fornecido ao exército dos Estados Unidos, o Avrocar. Uma espécie de Jeep voador, o disco era pequeno e funcionava de forma semelhante a um hovercraft, sobrevoando a uma altura mínima do solo.
Dois protótipos foram construídos e testados, mas seu desempenho ficou muito aquém do esperado. O veículo, de 5,5 m de diâmetro, utilizava três motores a jato que moviam um turborotor central cuja força era direcionada pela laterais do disco.
Com dificuldades que iam de desequilíbrios no centro de gravidade a falta de controle, o Avrocar ainda sofria com os gases expelidos para baixo que voltavam a ser sugados pelos motores, resultando em redução de potência.
Os voos aconteceram entre 1959 e 1961 e mesmo com várias modificações o governo americano preferiu cancelar o projeto e também a versão supersônica, pondo fim ao sonho de Jack Frost. Mas teria sido apenas esse o flerte da força aérea com aeronaves de formato de disco voador? Segundo alguns relatos de ex-membros da USAF, não.
Os quatro discos da Flórida
Basta pesquisar na internet por ‘USAF flying saucer’ para se deparar com imagens de um avião com formato de disco, mas com estabilizador vertical longo e fino. Uma olhada mais de perto é o bastante para constatar que se trata de ilustrações feitas em cima de fotos reais.
Mas, afinal, que suposto aparelho é esse? Pesquisando um pouco mais chega-se a história do escritor e ex-aviador Jack D. Pickett. Segundo alguns textos, geralmente postados em sites ligados a OVNIS, ele trabalhava para uma revista interna da força aérea quando em 1967 ele e seu colega Harold Backer visitaram a base aérea de MacDill, em Tampa (Florida).
Durante a visita, Pickett se surpreendeu com quatro aeronaves abandonadas do lado de fora da base, todas elas com formato de disco voador. De acordo com o relato, ele soube que eram parte de um projeto de aviões com esse formato que a força aérea teria testado logo após a Segunda Guerra.
Ao contrário do projeto da Avro, esses aviões eram praticamente convencionais, com motores a jato supostamente escondidos dentro da imensa fuselagem circular. A descrição fornecida pelo desconhecido escritor (tentamos encontrar algo na internet, mas não há menção a ele e nenhum lugar confiável) era de um jato com enormes trens de pouso, incluindo um conjunto com 32 pequenos pneus na frente.
Dos quatro aparelhos, o maior chamou a atenção: teria quase 33 metros de diâmetro (o mesmo que um Boeing 737), cabine de comando saltada bem no centro do disco e estabilizador vertical muito longo, além das inscrições ‘experimental’ no que seriam as seções das asas. A justificativa para que os modelos estivessem aposentados seria a de que “eram complicados de manobrar”.
Mais tarde, os quatro ‘discos’ teriam sido transferidos para outras bases da USAF, incluindo Wright Patterson que fica próxima ao museu nacional da força aérea americana. Foi lá que o ex-piloto da Segunda Guerra Warren Botz afirma ter visto o mesmo misterioso aparelho durante uma visita em 1978. “Eu sei o que vi”, afirmou Botz numa entrevista, reconhecendo que o jato seria idêntico à descrição de 1967.
Teses fantasiosas e uma pergunta
As informações disponíveis hoje são suficientes para afirmar com segurança que o governo americano teve um interesse especial pela configuração de disco em pesquisas para aeronaves de desempenho superior.
Assim como a asa voadora, uma configuração testada à exaustão na Guerra Fria, mas que só seria utilizada bem mais tarde no bombardeiro B-2, a fuselagem em disco pode ter inúmeras vantagens que instigaram os militares a pesquisá-la – até que ponto não se sabe ainda.
A questão que fica no ar é por que os americanos se interessaram tanto por discos voadores. As teses são variadas e vão de projetistas alemães que planejaram discos para os nazistas aos que crêem em seres extraterrestres como fonte de inspiração. Para outros, o caso Roswell, famoso pela misteriosa queda de um objeto voador em 1947, teria sido causado por protótipos dos discos da USAF.
Teorias à parte, o fato é que a configuração de disco voador, ao menos com a tecnologia aeronáutica (e divulgada) atualmente, está mais perto da ficção que da realidade. Ou, então, de seres de outros planetas!
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