Nas contas do próprio Drake, N – o número de civilizações na nossa galáxia capazes de se comunicar com a Terra – chegaria a 10 mil. Nos últimos anos, Drake passou a acreditar que esse número possa ser maior. Um dos motivos, segundo ele explicou à SUPER por e-mail, é que a ciência passou recentemente a admitir a possibilidade de que estrelas-anãs vermelhas – que representam 80% do total – tenham planetas habitáveis. “Uma vez que tal entendimento é recente, com implicações que ainda precisam ser mais bem analisadas, podemos por ora apenas ‘chutar’ quanto isso aumentaria N”, disse Drake. “É bem possível que esse número aumente em dez vezes, mas, no momento, trata-se de uma especulação.”
Cabe lembrar que drake é um dos criadores do Projeto Ozma, precursor do Seti (sigla em inglês para Busca por Inteligência Extraterrestres), que caça sinais eletromagnéticos de alienígenas soltos no espaço (leia mais na página 64). Portanto, ele é um otimista. Há 50 anos, quando o homem ainda não havia descoberto planetas extra-solares, viajado até a Lua ou encontrado indícios de água em Marte, ele tentava estimar o número de planetas com civilizações tão avançadas quanto a nossa. Drake sabia que não havia um número exato para a questão, mas decidiu simplificar o raciocínio. O que seria necessário para a vida se desenvolver e evoluir a padrões tecnológicos semelhantes aos da Terra? A resposta está em cada uma das sete variáveis da equação. Se você ignorar as explicações científicas e se limitar ao raciocínio matemático, vai lembrar que um único valor igual a zero numa multiplicação resulta, necessariamente, em zero. Logo, só haverá outra civilização como a nossa se todas aquelas condições se confirmarem.
Como a fórmula liberou a imaginação dos simpatizantes da teoria extraterrestre, otimistas e pessimistas resolveram apresentar as suas versões. No primeiro time, o astrônomo Carl Sagan calculou nada menos do que 1 milhão de civilizações. O escritor de ficção científica Isaac Asimov obteve 530 mil. O astrofísico Thomas R. McDonough chegou a 4 mil. No lado oposto, o psicólogo e diretor da revista Skeptic, Michael Shermer, arredondou as contas para apenas três civilizações avançadas. Apesar dos resultados divergentes, todos brincaram com as variáveis da equação, apoiados por suas opiniões pessoais sobre a composição do Universo. Já o escritor Michael Crichton – autor de O Parque dos Dinossauros – tachou a fórmula de “pseudociência”. “Ela é sem sentido e nada tem a ver com ciência. Acredito que ciência envolve a criação de hipóteses testáveis, e a Equação de drake não pode ser testada”, declarou Crichton, há dois anos.
Por que tanta polêmica a respeito de uma simples fórmula matemática? Porque as três últimas variáveis da equação mexem muito mais no vespeiro da biologia, da antropologia e da sociologia que no da astronomia e da física. Mas a maioria dos estudiosos há de concordar: a Equação de Drake é simplesmente mais um jeito de pôr os pensamentos em ordem – além de ser uma fórmula simpática que produz resultados divertidos.
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N = R*.Fp.Ne.Fl.Fi.Fc.L
N
O número de civilizações avançadas na Via Láctea nas contas de Frank Drake, um otimista, deu 10 mil; nas contas do psicólogo Michael Shermer, um pessimista, deu 3
R*
O número de estrelas semelhantes ao sol formadas na galáxia por anoEstimativa: 1 a 10
Fp
O percentual dessas estrelas com sistemas planetáriosEstimativa: 50%
Ne
O número de planetas, por sistema solar, com ambiente adequado para a vidaEstimativa: 1 a 3
Fl
O percentual de planetas com ambiente adequado nos quais a vida se desenvolveuEstimativa: 1% a 100%
Fi
O percentual de planetas com vida nos quais a inteligência evoluiuEstimativa: 1% a 100%
Fc
O percentual de civilizações que desenvolveram uma tecnologia de comunicaçãoEstimativa: 10% a 100%
L
HÁ quanto tempo essas civilizações se comunicamEstimativa: desconhecida
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