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5 de set. de 2010


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Estamos sós?

Vilarejo de Tabuleiro, a 190 km de Belo Horizonte: uma das regiões com maior número de relatos de aparições de óvnis de Minas Gerais.

Texto: Terezinha Moreira | Fotos: Nélio Rodrigues

Eram 3h45 da manhã quando o aposentado Joaquim Ferreira de Aguiar viu uma luz no terreiro. Era tão forte e intensa que suas vistas doeram. Para proteger os olhos, colocou o braço esquerdo na frente e continuou a olhar a forte luz pela janela. “Chamei meus filhos, mas eles não quiseram se levantar. Os dois me disseram que aquela luz não era coisa deste planeta. E eu concordei com eles.” O caso aconteceu em 1987 no pequeno vilarejo de Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro, a 190 km de Belo Horizonte. Lúcido, Joaquim, hoje com 92 anos, conta ainda que ouviu conversas dentro da suposta espaçonave, mas não conseguiu entender nenhuma palavra do que os seres diziam. Quando decolaram, fios de alta tensão da rede elétrica nas proximidades estouraram, segundo o aposentado. Mas o pior mesmo foi o que aconteceu com a visão de seu Joaquim. “Quinze dias depois que vi o disco voador comecei a ficar cego. Mas minha cegueira é diferente. Quando o problema começou, minhas vistas ficavam brancas e, às vezes, escuras”, relata.
Seu Joaquim é apenas uma en­tre tantas pessoas de Tabuleiro que asseguram ter visto objetos voadores não identificados (óvnis). São tantas narrativas, ca­sos e histórias que a região é alvo de curiosidade por parte de ufólogos e cientistas. Alguma explicação? Seria um local atraente para visitantes de outros planetas? Ou a imaginação popular dá o tom das narrativas entre os moradores? Perguntas ainda sem respostas. Nem ufó­logos, nem cientistas conseguem explicar o motivo de tantos relatos. Mas a verdade é que andando por lá é difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha visto fortes luzes nos céus de Tabuleiro em noites sem luar. Mesmo os que nunca presenciaram, conhecem alguém com histórias pra lá de misteriosas.
Os fenômenos ufológicos que assustam Tabuleiro começaram a ser registrados nos anos 80. O local despertou o interesse do ufólogo Albert Eduardo quando ouviu relato de abdução de um homem chamado Ocilo. Os moradores contam que, ao voltar para a Terra, após passar horas nas mãos de alienígenas, Ocilo portava uma espécie de placa na testa. “As conseqüências dos contatos extraterrestres não têm sido muito boas para o povoado”, comenta o ufólogo. Ele conta que Ocilo morreu alguns anos depois, vítima de leucemia.
Este não foi o único caso de abdução em Tabuleiro, segundo os moradores. Eles relatam que um jovem foi levado do vilarejo e encontrado algum tem­po depois no estado do Pará. Quando foi devolvido à Terra estava com problemas mentais. “A complexidade dos casos ufológicos de Tabuleiro é muito maior do que se imagina”, atesta Albert. E foi justamente esta preocupação que levou o ufólogo a estudar mais a fundo os relatos lá ocorridos.
Para o astrônomo e professor da UFMG, Bernardo Riedel, a maioria das visões é facilmente explicada. Os objetos, segundo ele, podem ser algum tipo de avião ou fenômeno atmosférico. Grande parte dos relatos está sujeita a contestações. “Porém, conheço pessoas respeitáveis – que não mentiriam nunca e têm noção do que vêem porque são professores universitários – que viram objetos voadores não identificados e não conseguiram explicar o fenômeno”, afirma Riedel. Para o astrônomo, falar que não existem seres extraterrestres é um absurdo. “Seria muita presunção de nossa parte achar  que somente nós existimos no universo.”
O agricultor Geraldo Rodrigues de Carvalho, 64 anos, que há 20 mora em Tabuleiro e cultiva milho e mandioca, por várias vezes avistou luzes estranhas nas proximidades de sua casa. A última foi há menos de um mês. “Vi uma luz muito forte do tamanho de uma antena parabólica. Ela estava a mais ou menos 300 metros da minha casa. Era avermelhada e ficou parada por uns 20 minutos”, descreve o agricultor. Geraldo conta que é bastante comum a observação desses tipos de luzes. “Tenho certeza de que não é avião porque a luz fica no mesmo lugar e a uma distância bem pequena da terra. Depois some”, conta.  
A agricultora Zenita Costa Silva, 65 anos, é outra que jura ter visto uma espécie de aeronave, por quase 15 minutos, bem próximo à sua casa em Tabuleiro, em 1986. “Era perto de meia-noite quando vi o disco voador rodar e parar no terreiro. O cachorro latiu muito e fiquei observando de dentro de casa”, relembra. Grávida de quase nove meses, ela acordou o marido. A aposentada diz que antes de o objeto aterrizar em seu quintal, sentiu o telhado da casa estremecer. Zenita conta que esta não foi sua única experiência ufológica. Alguns anos depois ela, uma amiga e a filha de 7 anos estavam na praça, em Tabuleiro, quando viram uma grande luz nas cores verde e amarelo rondar o vilarejo. Assustadas, tomaram o caminho de casa e, na estrada, esconderam-se debaixo de uma árvore.
Outra que usou uma árvore para se esconder de supostos discos voadores na região de Tabuleiro foi a aposentada Violeta Madalena da Cruz, 83 anos. Ela estava no meio da mata com um filho, colhendo mel, quando perceberam uma forte luz verde e vermelha do tamanho de uma roda de carro que se aproximava. “A luz veio rodando, rodando, mas não fazia nenhum barulho. Era tão forte que iluminava todo o chão numa grande distância. Sentimos muito medo e nos protegemos debaixo de um pé de candeia.”
Em outra ocasião, Violeta viu novamente uma forte luz, que, desta vez, pousou no quintal de sua casa. O objeto tinha formato comprido. “Tenho muito medo porque a gente não sabe nada sobre essas luzes”, declara Violeta. Mistério que parece ter raízes há milênios. Na própria bíblia, no livro do profeta Ezequiel, é descrita a existência de seres de outros planetas. A passagem bíblica é citada pelo astrônomo Bernardo Riedel, que se diz impressionado com a clara descrição de um óvni. O texto diz o seguinte: “Eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo que emitia contínuas labaredas, e um resplendor ao redor dela; e do meio do fogo saía uma coisa como o brilho de âmbar. E do meio dela saíam quatro seres viventes, que tinham a semelhança de homem.” Sejam relatos bíblicos ou dos moradores de Tabuleiro, há milênios ou agora, o questionamento ganha cada vez mais força e uma aura de mistério: estamos sós no universo?

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